Hoje começamos uma série de posts que falam sobre as tendências que a Crudo mapeou nesse segundo semestre de 2019 para o mercado de alimentos, bebidas e hospitalidade.
São abordagens que estão surgindo pelo mundo, que possuem grande poder de transformação e também oportunidades de diferenciação no mercado, como essa primeira tendência – que abre a nossa série – sobre um tipo de drink que está invadindo cardápios pelo mundo, feito com zero ou muito pouco álcool.
Sair para beber sempre foi uma atividade social. Começamos a ter contato com bebidas alcóolicas na adolescência, desejamos a chegada da maioridade, quando beber álcool não é mais uma proibição, e entramos na vida adulta ansiosos pela cervejinha ou drink da sexta-feira.
Mas com as gerações mais novas, esse padrão não está se perpetuando. Uma pesquisa realizada pela Universidade de San Diego, nos EUA, aponta que a geração Z – nascidos na virada do milênio – é menos propensa a consumir bebidas alcóolicas (Child Development, 2017).
Geração Z: a sobriedade fala mais alto

A preocupação com a saúde é um dos principais motivos para que essa geração, que entra agora na vida adulta, rejeite o álcool – ou, pelo menos, reduza seu consumo. Tem até nome para isso: teetotalers, pessoas que tiram o álcool de sua dieta. Outro motivo é que essa geração tende a sair menos, por praticar a chamada “sociabilidade isolada”, ou seja: jovens que interagem, mas sem sair de casa, sempre via internet.
Isso abre caminho para uma tendência que não é novidade, mas carece de variedade: os drinks low álcool ou sem álcool. Da mesma forma que um restaurante ou bar oferece uma vasta carta de drinks, cervejas e vinhos, ainda não é comum encontrar diversas opções de drinks não-alcóolicos ou com teor mais baixo – que não sejam sucos, refrigerantes ou chás.
Mixologia low álcool

Afinal, a experiência da mixologia não precisa necessariamente vir acompanhada de (muito) álcool. O destilado Seedlip, o primeiro sem álcool do mundo foi lançado em 2016 com o objetivo de “transformar a maneira com que o mundo bebe”, ressaltando a preocupação com o sabor dos drinks sem álcool, que tinham status de açucarados e sem graça.
A tendência também já chegou no mundo dos vinhos. O rótulo Kiss & Tell da australiana Amberley é um dos exemplos. Seu teor alcóolico é de 6%, e a marca o vende como uma opção “light” mais adequada para um almoço ou aperitivo.
Londres, tão famosa pelos pubs, é curiosamente a capital que mais se destaca na variedade de locais que oferecem drinks não-alcóolicos. Como o bar Redemption, focado em comida vegana, que possui toda a carta de drinks livre de álcool. Foi o primeiro local da cidade a oferecer apenas opções não alcóolicas para seus clientes.

Mas Nova York também possui um bar livre de álcool, o Getaway, inaugurado em abril de 2019. A ideia do negócio surgiu quando o dono e seu irmão, que não bebem, procuravam por um lugar para sair à noite – mas todos os bares eram focados em bebidas alcóolicas.
Quem gosta de experimentar sabores diferentes, mas quer abrir mão da bebedeira, ainda não encontra muitas opções aqui no Brasil.O restaurante vegano Teva, com unidades no Rio de Janeiro e em São Paulo, se destaca nesse sentido pela carta de drinks: além das opções clássicas, também conta com versões sem álcool ou de baixo teor alcóolico.
Nova realidade para bartenders e sommeliers

Conforme cresce a demanda por bebidas não alcoólicas ou com baixo teor de álcool, as cartas de drinks terão que se adaptar para essa nova geração de “bebedores”.A variedade de bebidas sem álcool – hoje inexistente ou restrita a uma ou duas opções – terá que ser a mesma dos drinks “tradicionais”.
Bartenders, sommeliers, consultores e até mesmo os produtores e fabricantes de bebidas deverão estudar as novas possibilidades de produtos e harmonizações para esta nova geração que já chega cheia de personalidade!