Já falamos aqui sobre as previsões de como iremos comer em 2025. Mas e daqui a 30 anos, como vai ser? A estimativa é que, em 2050, a população cresça de 7 para 9 bilhões de pessoas. É gente pra caramba, o que significa que a produção de comida também deverá aumentar significativamente. Mas outra previsão é que não teremos terras e recursos suficientes para dar conta de alimentar toda essa gente do mesmo jeito que fazemos hoje.
Continuando com o relatório do Sainsbury’s sobre o futuro da comida, as perspectivas para os próximos 30 anos é de mudanças ainda maiores na produção de alimentos. E também teremos a presença forte da tecnologia.
Carne cultivada
Carne cultivada: feita a base de células, plantas, em laboratórios ou em casa
Estima-se que o europeu consuma por ano 80kg de carne, enquanto norte-americanos e australianos comem 110kg, segundo a UN Food and Agriculture Organisation e a OurWorldinData. Preocupados em não conseguir alimentar todo mundo caso continuemos comendo carne nessa quantidade, governos já estudam maneiras de reduzir o consumo de carne entre a população. Mas uma alternativa é mudar a forma com que a carne é produzida, não necessariamente via criação de animais.
A “carne cultivada” não é igual a carne que conhecemos hoje. Ela é criada em laboratório, seja a partir de células específicas ou de vegetais – como os produtos da Impossible Foods e da Fazenda Futuro, que já comentamos aqui. São maneiras de continuar fazendo carne sem a participação dos animais, e sem usar tantos recursos quanto a pecuária exige.
Em 2050, poderemos estar comendo mais carnes, ovos e leite feitos em laboratórios – ou em nossas próprias casas. O Shojin DIY Meat Community, em Tóquio, já está estudando maneiras de produzir carne dentro de casa. Imagina só?
Oceano expandido
Oceano expandido: ir além dos tradicionais frutos do mar
Outro desafio em alimentar 9 bilhões de pessoas em 2050 diz respeito ao oceano. Sabemos da necessidade urgente de preservação dos mares e das espécies que vivem neles, então além do cuidado com a poluição, outra preocupação é a preservação dos animais marinhos que costumamos comer.
A tendência, segundo o Sainsbury’s, é expandir a gama de espécies marinhas que consumimos. Isso significa trazer para o prato peixes que não costumam estar no cardápio, e até aproveitar o valor nutricional de espécies invasoras – fazendo, assim, um controle populacional da espécie.
Um exemplo disso são alguns restaurantes da Nova Inglaterra, nos EUA, que colocaram no menu uma espécie de caranguejo que invadiu a região e afetou seu ecossistema. Em Londres, lagostins que proliferaram no Tâmisa também viraram ingrediente nos restaurantes. Até as águas-vivas, que vêm proliferando exponencialmente com o aquecimento dos oceanos, já está nos planos dos chefs.
Origem da comida
Mais atenção com a origem dos alimentos e como foram produzidos
Mais acesso à informação vai criar uma comunidade ainda mais ligada em como sua comida é produzida e no seu impacto na saúde e no meio ambiente. As redes sociais têm participação importante nisso: além de promover o acesso à informação, compartilhamos mais os nossos achados.
Por isso, no futuro, a indústria do alimento levará mais em conta o que o consumidor procura. Com informação, ele tem mais poder para decidir o que quer comer, como quer que esse alimento seja produzido e pode determinar o sucesso ou o fracasso de um negócio. Hoje já é possível scanear um produto no supermercado e saber todas as informações sobre ele: como foi feito, da onde veio, que impacto ele causa – aliás, falamos de um desses serviços aqui.
A previsão é que, em 2050, será bem comum saber qual a origem de cada ingrediente no seu prato, e assim ter mais poder de decisão sobre o que será consumido ou não.
Mas e daqui a 150 anos, como vai ser? Isso vai ficar para o próximo post.