Qualquer restaurante, supermercado e comércio em geral ainda utiliza algum tipo de embalagem. Há iniciativas que buscam diminuir a produção de lixo, como os supermercados a granel, nos quais você deve levar a própria embalagem para armazenar os produtos. Mas isso ainda não é o usual. A verdade é que viver produzindo o mínimo lixo possível é difícil, pois exige organização para ter (e lembrar de carregar) sua própria sacola ou recipiente, como copos e canudos reutilizáveis, negando as embalagens plásticas que vem em praticamente tudo que compramos.
Métodos mais sustentáveis para embalar e transportar alimentos são uma demanda tanto de consumidores, quanto do mercado. Pensando nisso, empresas e startups estão estudando novas formas de produzir embalagens biodegradáveis, sem usar combustíveis fósseis como base – vide o plástico que conhecemos, que demora centenas de anos para se decompor.
As ideias misturam inovações tecnológicas e recursos mais naturais pensadas não apenas para reduzir impacto, mas para otimizar a eficiência e, consequentemente, a resistência das embalagens.
Algas
Uma das ideias mais inovadoras está em utilizar algas e outras plantas marinhas como base para a produção de embalagens biodegradáveis. A empresa Evoware, da Indonésia, já produz embalagens para alimentos e produtos de higiene utilizando algas, assim como a startup Algix, que produz uma espuma com biomassa de alga que já foi utilizada em calçados da Adidas, roupas da H&M e sacolas da Moebius.
Milho
Apesar da produção de milho não ser assim tão eco-friendly, o milho é um dos ingredientes mais comuns dos materiais biodegradáveis produzidos nos EUA. A NatureWorks é uma dessas empresas que produz bioplástico utilizando milho – o Walmart e o McDonald’s já usam embalagens com esse componente. A marca de brinquedos PlayMais, da Alemanha, também usa o milho como base dos materiais de seus produtos. O milho também pode ser uma boa “tinta” para uma impressora 3D, então as possibilidades para utilizá-lo são múltiplas
Sobras de comida
Quer jeito mais sustentável do que usar restos de comida e recursos descartados da agricultura para produzir plástico biodegradável? No México, a Biofase processa diariamente 15 mil sementes de abacate para produzir o plástico utilizado em canudos. A Ikea está usando óleo de cozinha para produzir o material usado em seu catálogo de produtos. Alguns supermercados passaram a usar folhas de bananas para embalar frutas e verduras ao invés de plástico ou isopor – o que não é uma ideia nova, mas pode ser uma boa alternativa.
Cânhamo
Variação da cannabis, fibras de cânhamo também entraram no rol de opções biodegradáveis depois da liberação do plantio nos EUA. A empresa Hempitecture usa as fibras para produzir materiais de construção. Já a Hempest produz roupas, sacolas e até óculos com o material.
Batata
O excesso de amido gerado no processamento de batatas também é usado na produção de plástico biodegradável. A BioLogiQ produz com esse material sacos utilizados no armazenamento das próprias batatas. No Reino Unido, a Biome Bioplastics usa uma mistura de amido de batata, milho e celulose na produção de sua xícara de café para viagem – evitando o uso de copos plásticos que seriam descartados depois do uso.
Açúcar
O açúcar é versátil em tudo: fonte tanto do etanol quanto do açúcar que adoça nosso café. Na produção de bioplástico também é um dos materiais mais utilizados. No Brasil, a Brasken é a maior produtora de plástico com base na cana-de-açucar – apesar do produto não ser biodegradável, ele é reciclável. A Coca-Cola lançou há 10 anos uma garrafa reciclável que utiliza 30% de cana-de-açúcar na sua composição, e ainda quer desenvolver uma embalagem 100% à base de plantas.
Por que é importante investir em novos materiais? O discurso da consciência ambiental não pode ficar apenas no papel ou responsabilizar apenas o consumidor. Por isso, é importante que o varejo se preocupe e invista em pesquisa. Faz parte da responsabilidade dessas empresas e marcas oferecerem alternativas que façam sentido no dia a dia e sejam de fato adotadas por seus clientes.