Achou que não podia usar “não” na sua marca? Achou errado! Naming pode dar certo sim. Sempre estamos de olho em todos os detalhes de uma marca, inclusive em como elas escolhem ser chamadas. Definir um nome é um dos trabalhos mais importantes e difíceis ao criar um novo produto. Ter ideias não é assim tão simples, e no processo de naming é necessário pensar em dezenas de opções para chegar àquela que vai definir todo o seu negócio.
Existem várias regras para o naming que circulam por aí entre o pessoal de marketing: o nome deve ser curto; deve transmitir o conceito do produto; deve ser fácil de pronunciar etc. Um mito geralmente citado é que um nome não pode usar negativas ou ter conotação negativa.
Mas não precisa ser assim. Neste post vamos mostrar algumas marcas do mercado de alimentos e bebidas que abraçaram o “não”, o estranho e o contraditório e vão muito bem, obrigada.
1. O hambúrguer impossível

A Impossible Foods, empresa norte-americana que produz o famoso hambúrguer vegano que sangra, é nosso primeiro exemplo. “Impossible” é uma palavra que seria vetada em muitas reuniões de brainstorm por soar como algo inalcançável. Pois como vender uma coisa que você mesmo considera impossível?
Mas a Impossible Foods não está dizendo com seu nome que está fora do alcance do consumidor. O que esse nome transmite é que eles conseguiram fazer do impossível possível. E assim a marca mostra logo no nome a inovação que o produto traz e se diferencia no mercado. Como se estivessem dizendo “olha só, fizemos o impossível e ele está perto de você”.
2. Não é maionese

Outro exemplo é a The Not Company, uma food tech chilena que produz maionese sem ingredientes de origem animal – mas com o gosto da maionese como a conhecemos. Usar um “não” como marca pode não parecer uma boa ideia em um primeiro momento, mas eles vieram para quebrar esse paradigma e mostrar que funciona muito bem.
Isso porque eles partem da pergunta “por que não?” para criar o conceito da marca. Por que não comer alimentos saudáveis sem sacrificar o sabor? Por que não continuar consumindo aquilo que sempre gostamos, mas sem usar ingredientes de origem animal? Por que não fazer diferente?
O “não” da The Not Co se desdobra em seus produtos. A maionese vegana se chama Not Mayo – e outros alimentos que devem ser lançados em breve, como o leite e o sorvete, seguirão o mesmo sistema de naming: Not Milk e Not Ice Cream.
3. Castanhas loucas

Aqui no Brasil, uma empresa de castanhas aproveitou o trocadilho de um termo em inglês para nomear seu produto. “Go Nuts”, no idioma, é uma expressão que significa “enlouquecer”. Mas para a marca, Go Nuts é uma forma criativa de chamar suas castanhas glaceadas.
Outro exemplo com o uso dessa expressão é a Don’t Go Nuts, dos EUA, que produz barras de cereal sem castanhas, nozes e glúten. A marca nasceu da preocupação de seus criadores com a alergia da filha, e o nome escolhido para batizar seus produtos é justamente uma frase que “acalma” seus consumidores: não precisa se preocupar com o que seu filho come, esse produto é livre de tudo o que pode lhe causar reações alérgicas.
4. Não é cannabis

A indústria de alimentos e bebidas infusionados com cannabis – como já mostramos aqui (LINK) – também tem seu exemplo. A cannabis por si só já gera uma conotação negativa entre muita gente – por estar associada a tráfico e criminalidade. A Not Pot, dos EUA comercializa balas de goma com CBD, o componente da cannabis responsável pelo relaxamento.
Ou seja: você terá os efeitos positivos da cannabis ao consumir a bala, mas sem precisar fumar. E já cita logo no nome do produto o que você vai encontrar (ou não) nele.
5. “Sujo” e gostoso

Quem não vive em São Paulo com certeza estranha quando alguém diz “vamos comer no Sujinho?”. Pois quem é que quer ir comer em um lugar cujo nome é associado a sujeira? Apesar de estranho, esse nome não atrapalha os negócios do restaurante localizado na Consolação.
Muito pelo contrário: o Sujinho segue firme e forte atendendo seus clientes há mais de 50 anos. E ao invés de passar uma ideia de descaso, o nome evoca simplicidade – comida sem afetação.
6. Sem nome

Outro exemplo aqui em São Paulo é o bar Noname, ali na Rua dos Pinehiros. A casa de esquina, com jeito de inacabada e “sem nome” não afasta os clientes. Aliás, é comum você ver o local bem cheio nos fins de semana. E boa sorte ao tentar encontrar o nome do bar na fachada: um boteco sem nome não precisa ter ele escrito em letras garrafais.
Outro lugar com o mesmo nome é o restaurante NoName, em Boston. O restaurante surgiu durante a Primeira Guerra Mundial e seu dono nunca chegou a batizá-lo, e assim é até hoje. Pois em time que está ganhando – há mais de 100 anos – não se mexe.
7. Vinhos de merda

A indústria do vinho é bem criativa ao rotular seus produtos. Alguns vinhos por aí soam quase ofensivos – mas ainda assim dá vontade de beber, e o nome de conotação negativa não se volta contra o produto.
É o caso do Fat Bastard, dos EUA; Arrogant Frog, da França; Sweet Bitch, dos EUA; e Le Vin de Merde, da França. Esse último, aliás, foi uma jogada de marketing: depois de ouvir muita gente falando mal do seu vinho, os produtores mudaram o nome para Le Vin de Merde e, pasmen, venderam que nem água.
Achamos muito interessante como empresas de alimentos e bebidas usam o negativo ao seu favor, e estão deixando de lado velhas ideias do marketing. Mas, claro, tudo tem que ser bem pensado para que o jogo não vire contra a marca.
Você consegue se lembrar de outra marca que tenha quebrado esse mito do naming?